quinta-feira, 19 de abril de 2012

meditações diárias'

19 de abril Quinta


Comida Caseira


Veio o Filho do homem comendo e bebendo, e dizem: “Aí está um comilão e beberrão, amigo de publicanos e ‘pecadores’.” Mas a sabedoria é comprovada pelas obras que a acompanham. Mateus 11:19

Jesus não foi glutão, muito menos uma Pessoa isolada. O fato de Seus inimigos O acusarem de comer muito apenas mostra que Ele gostava de comer. Os Evangelhos descrevem várias cenas em que Jesus Se encontrava num ambiente social, muitas vezes revelando verdades importantes.

Penso que Seu lugar predileto para fazer as refeições não era uma sala de jantar ampla da casa de algum fariseu que havia convidado uma multidão de amigos e colegas abastados para conhecê-Lo, mas sim um pequeno e humilde lar em Betânia, onde podia encontrar os amigos Lázaro, Marta e Maria. Nada de bufês luxuosos, apenas uma boa comida caseira (que é bem melhor).

Se Jesus vivesse na Terra hoje, acho que ainda preferiria a graça de uma boa refeição caseira acompanhada de uma conversa interessante, risadas e o carinho que os verdadeiros amigos oferecem. Tal ambiente é um presente do Pai celestial, o Pai que criou a manga, o pêssego, a uva e o abacaxi, a abóbora, a mandioca e os grãos que se transformam em deliciosos pães.

Graça é uma mesa repleta de comida feita em casa e rodeada pelos amigos.

Noelene e eu gostamos muito de praia (na verdade, a família inteira gosta muito). Sempre que possível, vamos a Chesapeake Bay. No caminho, passamos pela pequena cidade de Bridgeville, local em que suntuosos casarões repousam pacificamente na companhia de um policial alerta dentro do carro-patrulha com o radar em mãos. Um pouco depois do perímetro urbano pode-se ver um letreiro que diz “Jimmy’s”, e o estacionamento está sempre lotado, não importa o dia nem a hora.

Certa vez, tomados pela curiosidade, decidimos parar. O Jimmy’s comporta cerca de 150 pessoas e é muito provável que ao chegar lá você tenha que esperar para conseguir uma mesa. A decoração é muito simples e o cardápio impresso carece de formatação. Grampeadas a ele estão duas folhas manuscritas oferecendo mais opções e uma terceira, também escrita à mão, informando o prato “especial” da casa para todos os dias da semana. Apenas comida caseira é servida ali. Purê de batatas de verdade, um delicioso feijão, tomate cozido e uma variedade incrível de tortas e bolos. E, quando o garçom traz a comanda, você não acredita – parece tão pouco!
Acho que Jesus iria gostar de comer no Jimmy’s.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

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18 de abril Quarta


Comprando o Favor


Disse, porém, Esaú: “Eu já tenho muito, meu irmão. Guarde para você o que é seu.” Gênesis 33:9

No trajeto de volta para sua terra natal depois de passar 20 anos em Harã, Jacó ainda estava com medo do irmão gêmeo. Ao saber que Esaú ia ao seu encontro acompanhado de 400 homens, Jacó tratou de lhe enviar rebanhos: 200 cabras e 20 bodes, 200 ovelhas e 20 carneiros; 30 fêmeas de camelo com seus filhotes; 40 vacas e 10 bois; 20 jumentas e 10 jumentos. Ordenou que os rebanhos fossem deixados a certa distância um do outro. Ele também instruiu os empregados a dizerem a Esaú que os animais eram um presente de seu servo Jacó, que estava a caminho (Gn 32:13-18).

Que presente generoso! Se Esaú tinha qualquer dúvida a respeito da postura do irmão em relação a ele, aquela era a resposta. Jacó estava com tanto medo e tão ansioso que era capaz de fazer qualquer coisa para agradar o irmão. Ele tentou comprar o favor de Esaú.

Tal abordagem se encaixa com o padrão de vida de Jacó. Acostumado a enganar e a manipular, Jacó pensou que podia encontrar saídas para qualquer situação. O mesmo acontece hoje. Todos nós temos muito de Jacó em nossa personalidade, alguns mais do que outros. Para muitas pessoas, o dinheiro pode comprar qualquer coisa; todo mundo tem um preço. Mas Deus está em busca de homens e mulheres “que se não comprem nem se vendam; [...] que no íntimo da alma sejam verdadeiros e honestos; [...] que não temam chamar o pecado pelo seu nome exato; [...] cuja consciência seja tão fiel ao dever como a bússola o é ao polo; [...] que permaneçam firmes pelo que é reto, ainda que caiam os céus” (Ellen G. White, Educação, p. 57).

Jacó até mesmo tentou comprar o favor de Deus. Depois de acordar do maravilhoso sonho da escada que ligava a Terra ao Céu, fez um voto: se Deus cuidasse dele e o levasse em segurança de volta para casa, ele devolveria a Deus o dízimo de tudo o que o Senhor lhe concedesse (Gn 28:20-22).

Antes de julgarmos Jacó, examinemos nosso próprio coração. Quantas vezes eu tentei manipular Deus? Ao devolver o dízimo (que é dEle) e ofertar, será que espero receber um favor em troca porque (em minha mente) fiz um favor a Ele?

O favor de Deus não está à venda. É gratuito – absolutamente gratuito. Chamamos isso de graça.

Até mesmo Esaú ajudou Jacó a enxergar isso. A sucessão de rebanhos não lhe fez diferença. Ele perdoou e aceitou o irmão sem cobrar nada em troca.

terça-feira, 17 de abril de 2012

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17 de abril Terça


O Guerreiro Celestial


Então disse o homem: “Seu nome não será mais Jacó, mas sim Israel porque você lutou com Deus e com homens e venceu.” Gênesis 32:28

Você já notou a maneira peculiar com que a Bíblia chama o povo escolhido de Deus, os judeus, no Antigo Testamento? Seu famoso ancestral foi Abraão, homem de muita fé (e mais algumas fraquezas humanas). Não seria estranho se o povo escolhido fosse chamado de “filhos de Abraão”, mas em vez disso são chamados “filhos de Israel”.

Israel? Esse é o outro nome de Jacó, o grande enganador do Antigo Testamento. Ele enganou o pai idoso e cego; enganou o irmão, Esaú, e enganou o tio, Labão. Como Deus foi capaz de colocar o nome desse personagem dúbio em Seu povo?

A resposta é graça! Deus fez por Jacó o que fez por muitos enganadores e pessoas de mau caráter ao longo dos séculos, e o que Ele ainda faz hoje: concede-lhes uma segunda chance, e uma terceira, depois uma quarta. Deus continua amando essas pessoas, convidando-as para voltar, guiando-as pelo mesmo caminho que caíram tantas vezes, ensinando-as até o dia em que acordam e Lhe permitem ser o Senhor de sua vida. A partir de então, elas se tornam diferentes, transformadas, novos homens e mulheres. Jacó se torna Israel.

Deus trabalhou com Jacó por muito, muito tempo. Quem sabe Jacó estava começando a acordar, mas o ponto crucial ocorreu numa noite específica. Jacó estava retornando para Canaã, regressando como um homem rico com duas esposas, onze filhos e uma filha e um vasto rebanho. Foi nessa ocasião que recebeu uma mensagem que o deixou apavorado: Esaú estava indo ao seu encontro acompanhado de 400 homens! Jacó enviou as mulheres, as crianças e os animais para a outra margem do rio Jaboque e planejou passar aquela noite terrível em oração.

De repente, foi atacado. Um homem o agarrou e lutou com ele. Jacó lutou para salvar a vida. Mas, à medida que a luta prosseguia, começou a perceber que não estava lutando com um guerreiro qualquer. De forma alguma! Era Jesus, que ainda hoje vem a nós, que luta para nos trazer a vida nova que Ele oferece.

Jacó encontrou vida nova, e um novo nome, Israel, que significa “aquele que luta com Deus”.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

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16 de abril Segunda


A Porta do Céu


Teve medo e disse: “Temível é este lugar! Não é outro, se não a casa de Deus; esta é a porta dos Céus.” Gênesis 28:17

Aqui está Jacó, tão esperto, apanhado pela própria armadilha. Ele está fugindo do irmão mais velho, Esaú, por ter obtido a bênção da primogenitura ao enganar o próprio pai. Esaú está irado e mal pode esperar chegar o dia em que poderá se vingar do irmão. Mas ainda não, não enquanto o pai já idoso, Isaque, estiver vivo.

Jacó foge. Ele vai para o norte a caminho de Harã, lugar em que o tio Labão mora. O plano de Jacó não parece mais tão perfeito. A noite vem e ele está totalmente solitário. Sem jantar em família esta noite. Sem cama confortável para encostar o corpo cansado. Ele terá que se virar de alguma forma. De repente, sua vida se tornou uma questão de sobrevivência selvagem.

Jacó procura um lugar para descansar e passar a noite. Nada de cobertor, lençol ou travesseiro nesta noite. Ele pega uma pedra para reclinar a cabeça.

Você já tentou dormir num travesseiro de pedra? Eu já e posso afirmar que não é divertido. Se você estiver muito cansado, acabará caindo no sono, mas não por muito tempo. E, ao acordar, parecerá que quebrou o pescoço.

Ali está Jacó, deitado sozinho ao relento, com a cabeça reclinada sobre uma pedra. Nunca tinha se sentido tão longe de casa, tão longe do Deus de Isaque e de Abraão.

Finalmente, pega no sono. Então, algo maravilhoso acontece. Deus lhe concede um lindo sonho. Naquele lugar ermo e hostil, seria normal ter pesadelos. Mas, em vez disso, Jacó vê uma escada ligando a Terra ao Céu e os anjos de Deus subindo e descendo por ela. O Senhor está no alto da escada proclamando: “Eu sou o Senhor, o Deus de seu pai Abraão e o Deus de Isaque. [...] Estou com você e cuidarei de você, aonde quer que vá; e Eu o trarei de volta a esta terra” (Gn 28:13, 15).

Ao acordar, Jacó pensa consigo: “Sem dúvida o Senhor está neste lugar, mas eu não sabia! [...] Temível é este lugar! Não é outro, senão a casa de Deus; esta é a porta dos Céus” (v. 16, 17).

Ainda é verdade. O Senhor está neste lugar. Não importa o quão solitário ou abandonado este lugar pareça, Deus não o abandonou, Ele não nos abandonou. Os anjos de Deus sobem e descem pela escada celestial ao lado de nosso travesseiro de pedra enquanto o Senhor diz: “Estou com você e cuidarei de você, aonde quer que vá.”

domingo, 15 de abril de 2012

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15 de abril Domingo


A Verdadeira Graça


Com a ajuda de Silvano, a quem considero irmão fiel, eu lhes escrevi resumidamente, encorajando-os e testemunhando que esta é a verdadeira graça de Deus. Mantenham-se firmes na graça de Deus. 1 Pedro 5:12

Assusta-me a expressão “verdadeira graça” usada por Pedro, que aparece apenas nessa passagem. Estaria ele sugerindo que existe uma graça falsa, algo disfarçado de graça que não tem nada a ver com ela? Em outra passagem, Pedro menciona que algumas pessoas torceram o significado das cartas de Paulo (2Pe 3:16). Paulo foi um intérprete preeminente da graça. Fico imaginando se a deturpação a que Pedro se referiu poderia estar relacionada à torção da mensagem de Paulo sobre a graça.

Seja qual for o contexto, Pedro não tinha medo da graça. Ele concluiu sua primeira carta com uma saudação semelhante à de Paulo: “Cresçam, porém, na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (2Pe 3:18).

Na primeira carta de Pedro, em que se encontra a expressão “verdadeira graça”, o conceito da graça permeia o livro como um fio dourado. Pedro estava escrevendo para os cristãos que haviam sofrido por causa de sua fé e que enfrentavam a ameaça de novas provações. As passagens a seguir deixam isso bem claro: “Se vocês suportam o sofrimento por terem feito o bem, isso é louvável diante de Deus” (1Pe 2:20). “Todavia, mesmo que venham a sofrer porque praticam a justiça, vocês serão felizes” (1Pe 3:14). “Amados, não se surpreendam com o fogo que surge entre vocês para os provar. [...] Mas alegrem-se à medida que participam dos sofrimentos de Cristo. [...] Se sofre[m] como cristão[s], não se envergonhe[m]” (1Pe 4:12-16).

A verdadeira graça não é um sentimento passageiro e superficial. Ela capacita homens e mulheres a permanecer fiéis ao lado de Deus por mais forte que o vento da provação venha a soprar. A verdadeira graça solidifica a determinação, fortalece o falar e aguça os olhos da fé.

Para todos os que pregam um evangelho diluído e destituído de sua força total, o pastor Dietrich Bonhoeffer, que pereceu nas mãos de Hitler, falou de forma enfática e decisiva: “A graça barata é a pregação do perdão sem o arrependimento, do batismo sem a disciplina da igreja, da comunhão sem a confissão, da remissão sem a confissão pessoal. A graça barata é a graça sem discipulado, a graça sem a cruz, a graça sem Jesus Cristo, vivo e personificado.” O que, afinal, não é graça.

sábado, 14 de abril de 2012

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14 de abril Sábado


Construindo pela Graça


Quem és tu, ó grande monte? Diante de Zorobabel serás uma campina; porque ele colocará a pedra de remate, em meio a aclamações: “Haja graça e graça para ela!” Zacarias 4:7, ARA

Como seguidores de Cristo, todos nós somos construtores. Cada um de nós está construindo a própria vida, e estamos construindo Seu templo na Terra, a igreja. De que forma devemos construir? A resposta para as duas situações é a mesma: pela graça, somente pela graça.

Nenhuma discussão sobre construção seria completa sem analisar o trabalho dos judeus que retornaram do cativeiro babilônico para reconstruir Jerusalém e o Templo. Na verdade, esse projeto foi registrado em quatro livros da Bíblia: Esdras, Neemias, Ageu e Zacarias. Podemos aprender muito sobre construção com esses livros. Esdras e Neemias narram a história.

O pequeno grupo de otimistas deixou Babilônia e deu início à árdua tarefa. As dificuldades eram imensas. Eram poucos em número, a tarefa era enorme e os adversários procuravam impedir seu progresso. Para piorar a situação, surgiu oposição em seu próprio meio. Alguns judeus estavam secretamente aliados aos inimigos.

O trabalhou progredia a passos lentos e finalmente foi paralisado. Desanimado, o povo parou de pensar na reconstrução do Templo e começou a cuidar de seus próprios problemas. O projeto parecia ter ido por água abaixo.

Mas não! Deus levantou dois profetas. Um deles era Ageu, homem idoso que trazia uma mensagem simples e direta do Senhor: “Levantem e construam agora!” O outro era Zacarias, um jovem que também foi enviado para animar o povo a prosseguir com o projeto, revelando as várias visões impressionantes que o Senhor lhe concedera.

Uma das visões concedidas a Zacarias, focalizando o candelabro de ouro e as duas oliveiras, retratou de maneira franca e sincera a enormidade da tarefa que os judeus enfrentavam, liderados pelo governador Zorobabel. Realmente se tratava de uma “montanha majestosa”. Mas a Palavra do Senhor dos exércitos diz: “‘Não por força nem por violência, mas pelo Meu Espírito.’ [...] Quem você pensa que é, ó montanha majestosa? [...] Você se tornará uma planície’” (v. 6, 7).

Assim, o trabalho avançou. Em meio a sangue, suor e lágrimas avançou até que foi concluído com exclamações de “haja graça e graça para ela!”

Essa é a maneira pela qual a construção hoje pode ser concluída, em nossa vida e na igreja. Sangue, suor e lágrimas – cobertos pela graça.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

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13 de abril Sexta


O Refinamento da Graça


O nome do homem era Nabal (tolo), descendente de Calebe, e o nome de sua mulher era Abigail. A mulher era inteligente e bonita, mas o homem era rude e mau. 1 Samuel 25:3, The Message

Sinto-me incomodado quando os professos seguidores de Cristo estabelecem uma norma baixa para si mesmos. Na verdade, parece até que se orgulham de uma norma assim. “Estamos prontos”, dizem. Mas por que não refinados e prontos? Para mim, a religião de Cristo amplia nossa visão, motiva-nos a aprimorar nossas qualidades, a buscar aquilo que há de mais nobre e melhor em cada aspecto da vida.

Não estou falando de exibicionismo para impressionar os outros, não o refinamento falso, mas o real, semelhante a Cristo. Ele foi, afirmou Ellen White, “a personificação do refinamento” (Testemunhos Para a Igreja, v. 2, p. 467). A mensageira de Deus estava incomodada com os cristãos que não apresentavam os frutos que a verdadeira graça de Cristo produz. Ao escrever para os pastores, ressaltou: “Alguns há que, enfadados com o falso verniz a que o mundo chama refinamento, têm passado ao extremo oposto, tão nocivo quanto o primeiro. Recusam-se a receber o polimento e refinamento que Cristo deseja que Seus filhos possuam. O pastor deve lembrar que é educador e, se nas maneiras e linguagem se mostra vulgar e sem polidez, os que possuem menos conhecimentos e experiência seguirão a mesma trilha” (Obreiros Evangélicos, p. 93).

Entre as histórias relacionadas a Davi, que se tornou o maior rei de Israel, encontramos uma história clássica que poderíamos intitular: “A Dama e o Tolo”. Nela lemos a respeito de Abigail, uma mulher bonita e inteligente.

Num casamento típico entre opostos, essa mulher fora de série se casou com um indivíduo rico, porém rude e mau. Seu nome era Nabal, que significa tolo – e, pelo que lemos, ele fazia jus ao nome que tinha. Ao fugir do insano rei Saul, Davi se desentendeu com o vil Nabal. Os homens de Davi haviam oferecido proteção aos empregados de Nabal, mas, quando chegou a vez do futuro rei de Israel receber algo, Nabal não quis retribuir o favor. “Quem é esse Davi? Quem é esse tal filho de Jessé?”, respondeu (1Sm 25:10, The Message).

Numa explosão de raiva, Davi reuniu seus homens para acabar com a vida de Nabal. Porém, a sábia e bela Abigail ficou sabendo da confusão, preparou presentes e abordou Davi com uma mensagem da graça. Davi mudou de ideia.

Essa história também tem um fim clássico. Na manhã seguinte, quando soube do ocorrido, Nabal sofreu um ataque do coração e faleceu alguns dias depois. E Abigail se tornou esposa de Davi.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

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12 de abril Quinta


Josué e o Anjo


O anjo disse aos que estavam diante dele: “Tirem as roupas impuras dele.” Depois disse a Josué: “Veja, eu tirei de você o seu pecado, e coloquei vestes nobres sobre você.” Zacarias 3:4

No livro de Zacarias (livro bíblico amplamente negligenciado por muitos) encontramos uma das descrições mais encantadoras da graça em toda Bíblia. O personagem central é Josué, o sumo sacerdote do povo judeu que fazia pouco tempo havia retornado do exílio babilônico e estava tentando reconstruir Jerusalém e o Templo.

Josué tinha um problema: vestia roupas impuras. As vestes do sumo sacerdote deveriam ser limpas, puras e belas, mas as de Josué não chegavam nem perto disso. Josué representava toda a nação. Isso quer dizer que todos estavam vestidos com roupas sujas, totalmente impuros diante do santo Deus.

Assim somos nós, todos nós. Até mesmo as coisas boas que fazemos (e fazemos várias de qualidade oposta) são como trapos de imundícia perante Deus (Is 64:6).

Na cena descrita em Zacarias 3, Satanás permanece à direita de Josué para acusá-lo. A antiga serpente, “o acusador de nossos irmãos” (Ap 12:10), é especialista nisso. Ele aponta para os pecados de Josué e suas vestes impuras; aponta para os pecados do pequeno grupo de judeus e aponta para os nossos pecados também.

E ele tem razão.

Mas a história não para por aqui. Outro personagem aparece em cena: o Anjo do Senhor. O Anjo é o Mediador divino, o Intercessor, o nosso Senhor Jesus Cristo. O Senhor diz a Satanás: “O Senhor o repreenda, Satanás! O Senhor que escolheu Jerusalém o repreenda! Este homem não parece um tição tirado do fogo?” (v. 2).

Graças a Deus, Jesus defende nosso caso. Ele nos escolheu. Somos um tição tirado do fogo. Diante de Sua presença poderosa, o inimigo do homem, o especialista em apontar os pecados e os defeitos, se vê forçado a fugir.

A mesma ordem dada a Josué serve também para nós: “‘Tirem as roupas impuras dele.’ [...] ‘Veja, Eu tirei de você o seu pecado, e coloquei vestes nobres sobre você.’ [...] ‘Coloquem um turbante limpo em sua cabeça’” (v. 4, 5).

Sozinhos, não somos nada. Com Jesus, somos tudo. Nossa justiça é como trapos de imundícia. Sua justiça é como vestes nobres que nos cobrem e nos purificam.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

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11 de abril Quarta


Queijo Tipo Cottage


Assim como a mosca morta produz mau cheiro e estraga o perfume, também um pouco de insensatez pesa mais que a sabedoria e a honra. Eclesiastes 10:1

Na época em que trabalhei no Spicer Memorial College, uma instituição adventista de ensino na Índia, um casal de missionários chegou ao campus para administrar a fazenda do colégio. Não eram jovens; na verdade, não restava muito tempo para que se aposentassem. Aquele foi um passo de muita coragem do querido casal que deixou a terra natal, depois de muitos anos sem nunca ter trabalhado em terras estrangeiras, para tentar adaptar-se ao clima e à cultura totalmente diferentes daquele país. Eles permaneceram firmes em sua decisão e fizeram um bom trabalho.

Uma das coisas de que mais sentiam falta era o queijo tipo cottage, que tinham em abundância em seu país de origem. Era o alimento predileto do novo administrador da fazenda, e como ele almejava degustá-lo novamente! Na Índia não se encontrava nada parecido.

Certo dia, ao ir até o correio da cidade pegar a correspondência do colégio, senti um odor terrível. Vinha de um pacote engordurado rodeado de moscas endereçado ao administrador da fazenda. Adivinhe! Queijo tipo cottage! Alguém em sua terra natal ficou sabendo do desejo do administrador de saborear sua comida favorita e pensou em fazer-lhe uma surpresa. Com mais boa vontade do que raciocínio, foi ao supermercado, comprou um pote de queijo tipo cottage, o embrulhou e despachou para a Índia. Por alguma razão, não parou para pensar que não se envia queijo tipo cottage pelo correio nem mesmo do Canadá aos Estados Unidos, que dirá para a Índia e sob o calor escaldante!

Queijo tipo cottage é uma delícia – se estiver fresco. Fresco e gelado. Gosto muito desse queijo, mas também sei como pode se tornar repulsivo se for deixado por muito tempo na geladeira ou se não for refrigerado adequadamente.

Os cristãos são como o queijo tipo cottage. Quando permanecemos perto de Jesus e vivendo por Sua graça, maravilhamos todos aqueles que nos “experimentam”. Mas, quando nos afastamos de Cristo, incomodamos a vizinhança inteira com o mau odor que exalamos.

Ao longo dos séculos, o cristianismo manchou seu nome porque os professos seguidores de Cristo viviam de maneira totalmente oposta à do Mestre. Mas, antes de julgarmos, apontemos o dedo para nós mesmos. Façamos um exame de coração e hoje, neste dia, revistamo-nos da graça de Jesus. Somente assim nossa vida será tão deliciosa como um queijo tipo cottage fresco.

terça-feira, 10 de abril de 2012

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10 de abril Terça


O Ancião e o Ovo


Porque, se há prontidão, a contribuição é aceitável de acordo com aquilo que alguém tem, e não de acordo com o que não tem. 2 Coríntios 8:12

Justus Devadas, presidente da instituição adventista de ensino Spicer Memorial College, Índia, contou uma história que, em minha opinião, é repleta de graça.

Há muitos anos, Justus ajudou a fundar várias igrejas em vilarejos ao sul da Índia e, certo dia, decidiu visitá-las. Em uma determinada igreja encontrou apenas um pequeno grupo reunido com o pastor para o culto. Mas, para a surpresa de todos, o ancião não estava presente.

– Ele é tão fiel! – afirmou o pastor. – Nunca falta a nenhuma reunião.

Assim, esperaram e esperaram para começar o serviço de culto. E nada de ancião. Decidiram, então, começar sem ele.

Próximo ao fim da reunião, Devadas viu um senhor de idade entrar na igreja, um homem simples do vilarejo, vestido com trajes modestos.

– Sinto muito pelo atraso – ele disse ao pastor. – Gostaria muito de ter chegado aqui no horário, mas percebi que não tinha dinheiro para dar de oferta. Pensei em apenas uma forma de trazer uma oferta, minha galinha. Fiquei esperando ela botar um ovo. Quis apressá-la, mas ela nem se incomodou!

Com isso, o ancião enfiou a mão no bolso e retirou a oferta – um ovo cuidadosamente embrulhado.

Penso na abundância de coisas que possuo – tudo de que preciso e muito mais – e fico emocionado com a dedicação amorosa desse homem. As pessoas que levam suas ofertas de bom grado ao grande Doador, não para ganhar aprovação, mas com o coração repleto de gratidão – dessas é o reino do Céu.

No Antigo Testamento lemos a respeito de um erro cometido pelo rei Davi. Uma praga sobreveio ao povo. Muitas pessoas morreram desde Dã até Berseba, do norte ao sul. No momento em que o anjo destruidor estava prestes a assolar Jerusalém, o profeta Gade disse ao rei que construísse um altar na eira de Araúna, o jebuseu, local em que o anjo havia parado. Ao se encontrar com Davi, Araúna lhe ofereceu a eira e os bois para o sacrifício sem cobrar nada. Mas Davi respondeu: “Não! Faço questão de pagar o preço justo. Não oferecerei ao Senhor, o meu Deus, holocaustos que não me custem nada” (2Sm 24:24).

O rei e o ancião. Três mil anos entre eles, mas o mesmo espírito.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

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9 de abril Segunda


A Recuperação do presidente


Não insistam em se vigarem, pois isso não compete a vocês. “Minha é a vingança”, diz Deus. “Eu cuidarei disso.” Romanos 12:19, The Message

Todos nós conhecemos a história de como Richard Nixon deixou a presidência dos Estados Unidos, mas quem conhece a história da recuperação de sua imagem?

Aconteceu na época do Natal de 1977. O senador norte-americano Hubert H. Humphrey havia retornado para sua casa em Minneapolis, Minnesota. Sua notável vida política estava quase chegando ao fim. Enfraquecido pelo câncer, Humphrey estava à beira da morte. Na rua atrás de sua casa, um grupo de repórteres já montava guarda para ser os primeiros a relatar sua morte.

Humphrey, o lutador de Minnesota, começou a ligar para os velhos amigos e conhecidos ao redor da nação e do mundo. Aparentemente estava ligando para desejar boas-festas, mas todo mundo sabia que na verdade estava se despedindo.

Ao ligar para o antigo adversário, Richard Nixon, na véspera do Natal, soube que Nixon estava doente, depressivo e solitário. Algo perturbou profundamente Humphrey durante a conversa com Nixon. Na manhã seguinte, ele decidiu ligar novamente para o ex-presidente, o homem que em 1968 havia sido o motivo de sua pior derrota. Ao ligar, Humphrey disse a Nixon que tinha um presente de despedida para ele.

Declarou que sabia que lhe restavam apenas alguns dias de vida e que já tinha feito os acertos para os eventos que seguiriam à sua própria morte: o velório no Capitólio em Washington, o funeral e o enterro em Minnesota. Humphrey convidou Nixon para participar da cerimônia que concluiria o velório em Washington. Disse-lhe que gostaria muito que ele estivesse presente e que ocupasse o lugar de honra digno de um ex-presidente.

Nixon havia deixado a presidência de forma vergonhosa apenas três anos antes e desde então não mais havia voltado para Washington. Sentindo a depressão profunda de Nixon, Humphrey criou espontaneamente uma desculpa a fim de fazer com que seu antigo rival retornasse à capital.

Humphrey faleceu três semanas mais tarde. Durante a conclusão da cerimônia em Washington, a multidão ficou quase sem fôlego ao ver Richard Nixon ser escoltado ao lugar de honra com os outros convidados, próximo ao esquife coberto com a bandeira norte-americana. Ali começou a recuperação da imagem de Nixon. Um presente da graça de um homem à beira da morte.

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8 de abril Domingo


E a Pedro


Vão e digam aos discípulos dEle e a Pedro: Ele está indo adiante de vocês para a Galileia. Lá vocês O verão, como Ele lhes disse. Marcos 16:7

Oh, a bondade de Jesus! Naquela manhã de Páscoa, logo depois de ter ressuscitado dentre os mortos, Ele enviou um anjo para falar com Maria Madalena e com as outras mulheres que haviam ido ao sepulcro. Ao contar-lhes as boas-novas da ressurreição, o anjo destacou Pedro. “Digam aos discípulos”, o anjo instruiu, “e certifiquem-se de avisar a Pedro também.”

Na terrível madrugada de sexta-feira, ocasião em que Jesus estava sendo julgado injustamente, Pedro foi reprovado no teste. Mentiu à criada que o reconheceu; esquivou-se em admitir sua ligação com o Mestre. Por meio de juramentos e linguagem vulgar, Pedro negou seu Senhor. Perdeu o direito de estar entre os apóstolos e deixou sua costumeira posição de líder.

Naquele momento, Jesus Se voltou e olhou para Pedro. Seu olhar não era de condenação, mas de tristeza; não era de raiva, mas de amor. Aquele olhar derreteu o coração de Pedro. Ele saiu às pressas do pátio para a escuridão da noite em meio a lágrimas amargas.

O sábado que se seguiu deve ter sido o pior da vida de Pedro. Jesus estava morto. A esperança de um reino terreno estava arruinada. Sua autoconfiança estava despedaçada. Os outros discípulos não mais confiavam nele.

Somos como Pedro. Temos abandonado Jesus em Seu momento de maior necessidade. Esquivamo-nos em reconhecê-Lo diante da multidão acusadora. Negamos o Senhor em quem professamos crer.

Mas Jesus olha para nós com tristeza e amor. Esse amor derrete nosso coração e faz com que sintamos vontade de sair correndo em meio à escuridão da noite. Em busca de uma centelha de esperança, ficamos pensando no que vem pela frente.

Então, Jesus envia uma mensagem para nós. Ele nos chama pelo nome, nos inclui nas boas-novas que transmite a outras pessoas. “Digam a Pedro”, Ele ordena.

“Digam a Luís, Carlos e Antônio; digam a Maria, Marta e Vívian. Digam-lhes que estou vivo para sempre e que não os condeno por seus pecados. Digam que Eu sou o Senhor da nova esperança e do novo começo. Digam-lhes que eles podem ter uma segunda chance; que, apesar de terem Me abandonado, Eu nunca os abandonarei.”

De maneira bondosa e amável, Jesus nos convida a voltar para Ele. De maneira bondosa e amável, Ele nos guia pelo mesmo caminho para que possamos aprender a descansar em Seus braços poderosos e, assim, vencer.

sábado, 7 de abril de 2012

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7 de abril Sábado


Homem de Ferro


Mesmo na sua velhice, quando tiverem cabelos brancos, sou Eu Aquele, Aquele que os susterá. Eu os fiz e Eu os levarei; Eu os sustentarei e Eu os salvarei. Isaías 46:4

De todas as competições esportivas, poucas se comparam ao triatlo Ironman [Homem de Ferro]. Os participantes devem nadar 3.800 metros de distância, percorrer 180 quilômetros de bicicleta e finalizar com uma maratona completa – 42 quilômetros. Como se isso não bastasse, o movimento das pernas deve ser feito dentro de um período de tempo predeterminado, ou o participante é desqualificado.

Pouquíssimas pessoas tentam participar do Ironman. Entre aquelas que se arriscam, aproximadamente apenas 7 de 100 participantes completam o triatlo. Essa competição exige o máximo do corpo e da determinação. Terminá-la significa que você é um herói.

Rick Hoyt completou o triatlo Ironman. Ele é o herói mais improvável e, talvez, o mais perseverante de todos. Rick nasceu com paralisia cerebral e sofre de convulsões e tetraplegia. Os médicos disseram aos seus pais que ele nunca seria capaz de fazer nada. Se sobrevivesse, vegetaria, e que seria melhor interná-lo numa instituição especializada. Os pais não se conformaram com a ideia de deixar o primogênito do casal sob os cuidados de outros. O pai de Rick viu algo nos olhos do filho – algo lutando para expressar a vontade de viver.

Rick “falou” suas primeiras palavras aos 12 anos – não verbalmente, mas através de um computador. Concluiu o ensino médio e depois a faculdade, graduando-se pela Universidade de Boston.

Certo dia, Rick leu a respeito de um evento de caridade, uma corrida de oito quilômetros. Sentiu o desejo de ajudar a arrecadar recursos. Assim, o pai se inscreveu e correu empurrando Rick por todo o trajeto num pequeno carrinho adaptado. Rick ficou maravilhado.

– Quando estou correndo, não sinto que sou deficiente – afirmou.

Aquele foi o início de uma carreira esportista extraordinária entre pai e filho. Rick já competiu em mais de 200 eventos. Já cruzou os Estados Unidos “correndo”.

E, sim, completou o triatlo Ironman. Com o pai rebocando-o numa espécie de jangada de borracha, ele “nadou” os 3.800 metros. Empoleirado no guidão da bicicleta, “pedalou” o trajeto de 180 quilômetros. E, finalmente, correu a maratona, puxado pelo mesmo pai dedicado.

Que vitória para o espírito humano! Que história de amor! Que descrição da graça! Somos Ricks. Mas um Pai amorável nos carrega ao longo de todo o caminho, até cruzarmos a linha de chegada.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

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6 de abril Sexta


O Treinamento de Timóteo


Por essa razão estou lhes enviando Timóteo, meu filho amado e fiel no Senhor, o qual lhes trará à lembrança a minha maneira de viver em Cristo Jesus, de acordo com o que eu ensino por toda parte, em todas as igrejas. 1 Coríntios 4:17

Timóteo parecia sofrer de um problema incomum: ele era eternamente jovem. Esse companheiro de viagem e assistente do apóstolo Paulo era jovem quando ouviu as boas-novas pregadas por Paulo. E, mesmo após muitos anos, Paulo se relacionava com ele como se ainda fosse jovem.

Encontramos várias referências a Timóteo em Atos e nas cartas de Paulo. Se as reunirmos, podemos extrair o perfil completo de sua personalidade e trabalho. Timóteo nasceu e foi criado na cidade de Listra (atualmente Turquia); era judeu por parte de mãe e grego por parte de pai (ou seja, não era considerado judeu [Atos 16:1]). A mãe, Eunice, e a avó, Loide, eram mulheres devotas e lhe ensinaram o Antigo Testamento desde a infância (2Tm 1:5; 3:15). Ainda jovem, convertido ao cristianismo, Timóteo era visto pelos fiéis como alguém muito promissor (At 16:3). Paulo reconheceu seu potencial e decidiu instruí-lo pessoalmente; porém, circuncidou-o para evitar discussões desnecessárias com os judeus.

Paulo e seu aprendiz viajaram e trabalharam juntos para o Senhor. Tornaram-se muito achegados. Na carta que escreveu aos coríntios, Paulo o chamou de “meu filho amado” (1Co 4:17). Aos filipenses escreveu: “Timóteo foi aprovado porque serviu comigo no trabalho do evangelho como um filho ao lado de seu pai” (Fp 2:22). Na carta enviada ao próprio Timóteo, Paulo o chama de “meu amado filho” (2Tm 1:2).

Talvez fosse natural para Paulo sempre pensar em Timóteo como alguém jovem. Porém, é mais provável que Timóteo possuísse uma personalidade calada, e até mesmo tímida, que fazia com que parecesse mais jovem do que realmente era. Encontramos Paulo aconselhando os coríntios: “Se Timóteo for, tomem providências para que ele não tenha nada que temer enquanto estiver com vocês” (1Co 16:10). Cerca de dez anos mais tarde, ocasião em que Timóteo provavelmente estivesse na casa dos 30 anos, Paulo lhe escreveu: “Ninguém o despreze pelo fato de você ser jovem” (1Tm 4:12). Na última carta do apóstolo, escrita vários anos mais tarde, em face da morte iminente, aconselhou: “Pois Deus não nos deu espírito de covardia. [...] Portanto, não se envergonhe de testemunhar do Senhor, nem de mim, que sou prisioneiro dEle” (2Tm 1:7, 8).

Paulo não tinha filhos. Deus em Sua bondade enviou-lhe Timóteo.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

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5 de abril Quinta


O Deus dos Anos Perdidos


Vou compensá-los pelos anos de colheitas que os gafanhotos destruíram: o gafanhoto peregrino, o gafanhoto devastador, o gafanhoto devorador e o gafanhoto cortador, o Meu grande exército que enviei contra vocês. Joel 2:25

Observei minha agenda e gelei. Ela indicava que dali a poucos instantes um homem que havia me atacado verbalmente em pessoa e por vídeo viria conversar comigo. Anos antes, esse homem havia iniciado sua carreira com o objetivo de servir como ministro adventista, mas logo começou a trilhar um caminho independente em que lançava críticas à igreja e aos líderes. Fiquei imaginando o que ele queria comigo.

Ele chegou ao meu escritório acompanhado da esposa. Dentro de instantes estava implorando meu perdão com súplicas sinceras e em meio a lágrimas. Eu lhe disse que o perdoava e ele começou a contar como o Senhor havia interferido em sua vida para que ele mudasse radicalmente de atitude.

Aos poucos partilhou a história de sua vida, como ingressou no ministério, a razão de ter saído, como construiu um grande ministério particular com forte apoio financeiro. Agora havia perdido tudo. A decisão de parar de criticar os outros resultou na perda de seus adeptos e do dinheiro que lhe ofereciam. Próximo à meia-idade, viu sua vida ruir, suas esperanças serem destruídas.

Será que ainda havia lugar para ele no ministério? Ele desejava saber. Assegurei-lhe que Deus sempre nos concede uma segunda chance, que Ele é capaz de extrair o bem de situações aparentemente desesperadoras. Adverti-o a contentar-se com qualquer posição, por mais humilde que fosse, e a aceitar qualquer responsabilidade que lhe fosse oferecida, mesmo que pequena, sem considerar a recompensa monetária.

Durante aquela conversa maravilhosa e emocionante, lhe mostrei as palavras encontradas no livro de Joel: “Vou compensá-los pelos anos de colheitas que os gafanhotos destruíram” (Jl 2:25). Disse-lhe que ele devia reclamar a promessa de um novo começo; que, apesar das oportunidades passadas terem sido perdidas para sempre, Deus poderia conceder-lhe novas oportunidades. Deus ainda podia fazer algo lindo nos anos vindouros de sua vida.

As palavras do texto ecoaram em seu ser. Ele e a esposa saíram com esperança. Por muitos meses, ele se contentou com uma posição humilde. Até que chegou o dia em que recebeu o chamado para pastorear duas igrejas pequenas. Que alegria! Que cumprimento da Palavra de Deus, que põe de lado os anos perdidos e nos concede um novo começo!

quarta-feira, 4 de abril de 2012

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4 de abril Quarta


Cada Hora Repleta de Luz


Oh, como é doce a luz do dia, e como é maravilhoso viver à luz do Sol! Mesmo que você viver muito tempo, não deixe de apreciar um único dia sequer. Deleite-se em cada hora repleta de luz. Eclesiastes 11:7, 8, The Message

Se tiradas do contexto, qualquer um poderia proferir essas palavras de Eclesiastes. Até mesmo um pagão poderia render louvores aos deuses da natureza. Mas essas palavras não se encontram isoladas. Elas fazem parte do contexto desta frase: “Honre e aprecie o Criador enquanto você ainda é jovem” (Ec 12:1, The Message). E as palavras finais do escritor são: “Esta é a última e derradeira palavra: Tema a Deus. Faça aquilo que Ele lhe diz” (v. 13).

Deus faz toda a diferença. Quando O reconhecemos como Criador e Redentor, nosso Amigo e Senhor pessoal, olhamos para a Sua criação com os olhos repletos da Sua graça.

Como é bela a criação! Mesmo manchada e degradada pelos efeitos do pecado, ainda exibe o selo do bondoso Criador.

Amo a luz. Amo o fulgor do alvorecer; os primeiros raios de Sol a refletir nas águas do lago, nas montanhas, na superfície; a força total da luz ao meio-dia; a luz suave do entardecer.

Amo a suavidade da Lua, o mistério silencioso das estrelas. Numa ilha deserta, longe da luz da cidade, deito-me sob o céu para admirar a beleza da claridade cintilante da Via Láctea e do Cruzeiro do Sul.

Se o Sol, a Lua ou as estrelas aparecessem apenas uma vez ao ano, todo mundo pararia suas atividades para observar o grande evento. Por isso, o sábio disse: “Não deixe de apreciar um único dia sequer.”

Este mundo é inacreditavelmente belo; esta vida é inacreditavelmente maravilhosa. Quero desfrutar cada hora repleta de luz.

Numa caminhada matutina pelo parque, Noelene e eu vimos um pássaro azul parado no poste a alguns metros de distância. Aquele tímido amiguinho não saiu do lugar enquanto o observávamos. Em seguida, outro pássaro azul chegou, e outro e mais outro. Dois machos passaram por nós e as cores majestosas brilharam sob a luz. Naquele momento encantador parecia que estávamos cercados de pássaros azuis.

– Um momento da graça – sussurrou Noelene.

Que maneira maravilhosa de começar o dia!

terça-feira, 3 de abril de 2012

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3 de abril Terça


Sequestrado!


Todavia, não me importo, nem considero a minha vida de valor algum para mim mesmo, se tão somente puder terminar a corrida e completar o ministério que o Senhor Jesus me confiou, de testemunhar do evangelho da graça de Deus. Atos 20:24

Assim que o pastor Paul Ratsara, ministro adventista do sétimo dia de Madagascar a serviço em Kinshasa, colocou os pés na calçada, um homem se aproximou dele. Um sentimento de medo e pavor tomou conta de seu ser ao ver, apenas a alguns metros de distância, a porta do carro ali estacionado totalmente aberta.

– Entre! – ordenou o homem.

O pastor Ratsara pensou em resistir, mas rapidamente mudou de ideia ao ver a arma na mão do sequestrador. Apesar de seus temores, ele sentou-se no banco traseiro do carro. O homem com a arma na mão sentou-se ao lado dele e fechou a porta. Os bandidos exigiram tudo o que o pastor tinha consigo. Esvaziaram seus bolsos. Depois de pegarem todos os seus pertences, o motorista engatou a marcha do carro e rapidamente dirigiu pelas favelas suburbanas a caminho do rio Congo a alguns quilômetros de distância.

– Vamos matar você e jogá-lo no rio – o líder informou.

Senhor, se Tu quiseres que eu morra, estou pronto; coloco-me em Tuas mãos. Mas, se quiseres que eu viva, por favor, resgata-me!

Após essa breve oração, ele começou a conversar com os sequestradores com confiança.

– Sou missionário – explicou. – Sou de Madagascar. Vim aqui para servir a Deus e à humanidade, incluindo vocês.

O carro começou a desacelerar. Iniciou-se uma discussão entre os membros da gangue no dialeto local. Finalmente, o líder disse aos outros:

– Não, não vamos matar esse homem. Ele é um homem de Deus. Deixaremos ele ir. Não vamos mantê-lo em cativeiro.

O motorista fez meia-volta com o carro e acelerou de volta para a estrada solitária rumo à cidade. Ao se aproximarem do perímetro urbano, os ladrões jogaram tudo o que haviam roubado do pastor em seu colo. Finalmente, o carro parou, e o pastor Ratsara saiu para o ar fresco da liberdade.

– Refleti muito sobre o que aconteceu – afirmou o pastor Ratsara. – Aprendi que, para vivermos, devemos estar prontos para morrer; para sermos livres, devemos livrar-nos do medo da morte. No momento em que não mais estimarmos nossa vida, então seremos verdadeiramente livres. Oro todos os dias para estar em sintonia com Deus, na segurança de que Seus anjos estão comigo.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

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2 de abril Segunda


Em Busca da Perfeição


Portanto, sejam perfeitos como perfeito é o Pai celestial de vocês. Mateus 5:48

Essas palavras de Jesus têm desafiado e esmagado, motivado e envergonhado muitas pessoas sinceras desde que foram proferidas. Elas ainda servem para os dias de hoje e devemos levá-las a sério.

Algumas pessoas consideram essas palavras como a exigência de uma vida absolutamente isenta de pecado. Com isso em mente, encontram em si mesmas algo que desponta e as faz pensar: “Serei essa pessoa! Farei tudo o que for necessário para me desvencilhar das imperfeições de minha vida para que possa ser encontrado sem pecado diante de Deus!”

Tais pessoas sinceras caem num profundo poço, o poço da ilusão. Passam a se concentrar em si mesmas e a se introverter, ao passo que Jesus nos convida sempre a nos extroverter a fim de abençoarmos o próximo. Ao persistirem nesse caminho, inevitavelmente acabam se orgulhando de sua suposta justiça ou abandonando completamente a religião.

O que Jesus quis dizer com essas palavras desafiadoras? Como sempre ocorre na Bíblia, o contexto em que essas palavras se encontram esclarece seu significado. Para isso, precisamos voltar para o verso 43, verso em que Jesus citou o Antigo Testamento: “Vocês ouviram o que foi dito: ‘Ame o seu próximo e odeie o seu inimigo’. Mas Eu lhes digo: Amem os seus inimigos e orem por aqueles que os perseguem, para que vocês venham a ser filhos de seu Pai que está nos Céus. Porque Ele faz raiar o Seu sol sobre maus e bons e derrama chuva sobre justos e injustos” (Mt 5:43-45).

Nesses versos Jesus disse que devemos nos relacionar com as pessoas – todas as pesssoas, não apenas os amigos – da mesma forma que Deus Se relaciona com elas. Ele é bondoso e generoso para todos, sem distinção ou parcialidade. Então, vem o verso 48, que é a conclusão do argumento: devemos ser completos e maduros (esse é o significado do original), assim como é o Pai celestial em tudo o que Ele faz.

Eugene Peterson expressou Mateus 5:48 nas seguintes palavras: “Em uma palavra, o que estou dizendo é: cresçam. Vocês são súditos do reino. Vivam de acordo com ele. Vivam sua identidade criada por Deus. Tratem o próximo generosa e bondosamente, do mesmo modo que Deus trata vocês” (The Message).

Ellen White afirmou: “Cumpre-nos ser centros de luz e bênção para o nosso pequeno círculo, da mesma maneira que Ele o é para o Universo” (O Maior Discurso de Cristo, p. 77).

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1º de abril Domingo


A Canção de Karen


Mas eu sou verme, e não homem, motivo de zombaria e objeto de desprezo do povo. Salmo 22:6

“Sangrou meu Salvador? Morreu meu Soberano? Daria Ele a santa fronte por um verme como eu?”, escreveu Isaac Watts em um de seus famosos hinos. Desde então, algumas pessoas têm ignorado a última frase.

Em nossa era em que reina a psicologia do “sentir-se bem” e da “autorrealização”, foi colocada de lado a antiga teologia que afirma que somos vermes diante da glória de Deus. Uma geração que nega a existência do pecado certamente não quer ser humilhada por expressões como essa.

Do ponto de vista bíblico, no entanto, Isaac Watts estava correto. A boa-nova sobre Deus começa com a má notícia a nosso respeito. Perante Ele, nossa justiça é como trapos de imundícia. Não há nada em nós mesmos que nos torne dignos de sermos aceitos pelo Pai. Nada. Realmente somos vermes. Enquanto não admitirmos nossa grande necessidade, a Palavra não poderá prover Sua graça.

A teologia do “verme” tem dois lados. Um deles possui um aspecto aterrorizante e até mesmo fatal.

Durante uma longa viagem de avião rumo a outro país, me cansei de ler e decidi colocar o fone de ouvido para avaliar a seleção de música disponível. Uma voz da geração passada – agradável, nostálgica, com um toque de tristeza – soou pelo sistema de som. Abri o guia de entretenimento e li que o programa oferecia canções selecionadas de Karen e Richard Carpenter.

Karen Carpenter! Sua história veio à minha memória ao ouvir novamente a voz melancólica. Karen, acompanhada pelo irmão, Richard, conquistou grande sucesso como cantora na década de 1970, chegando a somar mais de cem milhões de cópias vendidas até a década de 1990. Encantadora e amada, Karen se tornou ídolo de muitas jovens. Porém, apesar da fama conquistada, Karen sofria de baixa autoestima. Ao observar-se no espelho, essa mulher atraente não conseguia parar de pensar em quanto era feia. Em 1983, Karen, aos 32 anos de idade, faleceu de parada cardíaca provocada pela anorexia nervosa. Por vários anos ela se obrigou a passar fome. Na época, parecia quase impossível aceitar a explicação de seu falecimento, mas desde sua morte trágica essa condição tem se tornado bem conhecida na vida de outras jovens.

O outro lado da teologia do “verme” é aquele que eu gostaria que Karen Carpenter tivesse conhecido. Aos olhos de Deus não somos vermes. Somos amados, preciosos, especiais, lindos. Somos príncipes e princesas do Rei do Céu.

sábado, 31 de março de 2012

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31 de março Sábado


O Presente e a Exigência


Então o senhor chamou o servo e disse: “Servo mau, cancelei toda a sua dívida porque você me implorou. Você não devia ter tido misericórdia do seu conservo como eu tive de você?” Mateus 18:32, 33

Há uma discussão muito antiga entre os cristãos sobre a função divina e a função humana na salvação do homem. Alguns cristãos colocam todo o peso no lado divino, reduzindo a ação humana a nada. No outro extremo, encontra-se a teologia que torna a vontade humana tão forte que por si mesma pode levar a pessoa convertida a obedecer à lei de Deus.

Debates como esse geralmente trazem à tona os escritos do apóstolo Paulo. Paulo ensinou com muita clareza que a salvação ocorre unicamente pela graça por meio da fé (ver Ef 2:9). O julgamento, entretanto, será de acordo com as obras (ver Rm 14:10-12). Como essas ideias aparentemente contraditórias podem estar em harmonia? Para mim, a resposta não se encontra num argumento teológico, mas sim nas parábolas de Jesus. Dentre elas, a parábola do servo impiedoso (Mt 18:21-35) oferece a explicação mais clara de todas.

Lembra-se dessa parábola? Aqui está um homem que deve ao rei uma grande soma de dinheiro – dez mil talentos. Para compreendermos melhor o tamanho da dívida, dez mil é o maior número registrado no livro e um talento é a maior unidade monetária. Hoje poderíamos falar, quem sabe, em 50 milhões ou um bilhão para termos uma ideia. O homem implora para que o rei lhe conceda um prazo para pagar a dívida. Quanto tempo será que ele espera viver? Ele nunca será capaz de pagar. Mas, para sua surpresa, o rei perdoa tudo o que ele deve. Simples assim. “Você está livre. Cancelei a sua dívida”, diz.

Agora, esse mesmo homem que teve uma dívida enorme perdoada se encontra com um conhecido que lhe deve 100 denários (alguns milhares de reais).

O devedor implora para que o homem lhe conceda um prazo a fim de que possa pagar a dívida. O homem, porém, o manda para a prisão. Finalmente, a notícia chega aos ouvidos do rei, que fica muito zangado. Ele manda chamar o homem que tinha recebido o perdão da enorme dívida e lhe diz que, por causa de suas ações, o perdão fora cancelado.

Essa é uma parábola do reino do céu, uma história sobre a graça. Poderíamos resumi-la em duas palavras: presente e exigência. A salvação é um presente, um presente maravilhoso, mas esse presente vem acompanhado de uma exigência. A graça que nos perdoa nos transforma à semelhança de Deus.