segunda-feira, 25 de outubro de 2010

gratos por quê?'

Gratos pela vida

Quando Miquelângelo concluiu o Moisés, que assinala o túmulo de Júlio II na basílica apostólica , ficou maravilhado de sua própria obra.

O porte do hebreu denunciava a soberania energética de um rás, pastor dos povos. A atitude era a de um vidente, habituado a conversar com o eterno, o olhar era o de um iniciado nos segredos absolutos, e o artista, de olhos fitos na estátua, como que a sentia mover-se; acendiam-lhe os olhos, as flamas da frente tremeluziam faiscando,
rosavam-se-lhe as faces, tremiam-lhe os lábios e Miquelângelo, em delírio, arremeteu e, vibrando o martelo, atirou uma pancada ao joelho da estátua, intimando=a a vida: Parla!"
Houve apenas um estrépido no silêncio e o mármore perseverou mudo; nem era possível que falasse, visto que era pedra, só pedra, faltava-lhe a harmonia eterna, o lume latente, a alma, que gera a Palavra.
E o artista quedou diante do inanimado, reconhecendo-se homem, ele que se julgara deus.

Vida, que preciosa dádiva! Quem não a deseja conservar, defender e aproveitar? Bem claro deixou este pensamento o poeta Lafaiete Rodrigues Pereira,
no seu poema: O Lenhador e a Morte:

Deixando com esforço o rude fardo  ao chão, exclama o lenhador:
- Ai, quanto tempo em vão, cansado, aguardo o fim deste labor.
A que me julgue a sorte!
Dolorosa demais a minha contingência!
De que me serve a vida? Vem, ó Morte, valer-me, por favor, nesta emergência!

Mal o dissera e a morte lhe aparece:
- Meu amigo, aqui estou para ajudá-lo!
Todo a tremer o lenhador em prece, mal refeito do abalo, já nem se lembra mais de seus pesares ...
Numa aflitiva súplica se empenha:
- Chamei-te, Morte, só pra me ajudares a conduzir à minha casa a lenha! ...

Assim é, com todo sofrimento, ainda que sejam grandes as tormentas, ninguém quer perder a vida. Um estrondo, e sem querer, estremecemos, o coração bate depressa, um olhar angustiante. uma expectativa diferente, um sentimento de proteção - é o medo de perder a vida. Um início de queda e, instintivamente, a mão procura aparar a queda e proteger a vida. Uma ameaça ao nosso ser e os músculos se enrijecem, o corpo reage e os membros procuram a posição em defesa da vida. Desde a mais tenra idade, a criança esperneia, grita, chora em defesa, segundo sua compreensão da vida. Os próprios animais irracionais fogem ou se põe em posição de atalaia ou de ataque em defesa da vida.
Sim, vida, precioso dom de Deus.

Mas o que é a vida? Há muitas filosofias, teorias e hipóteses sobre as concepções da vida. É o animismo, o vitalismo, o atomismo, o mecanicismo, monismo e outras tantas especulações, que o homem fica sem saber o que está certo. Nós definiremos a vida como "a assinatura de Deus no projeto homem".
Cremos estar de acordo com o Gênesis que diz: "E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em seus narizes o fôlego da vida: e o homem foi feito alma vivente."
Aí está assinatura de Deus que ainda não se conseguiu falsificar. Vida só pode vir de vida e dizem os evangelhos que Cristo Jesus Se apresentou dizendo:
"Eu sou ...a vida" ...
Quem, além de Deus, pôde fazer esta afirmação? Quem, além do Deus, o Filho, pôde trazer de volta do túmulo, depois de quatro dias, o falecido Lázaro? Quem, além de Jesus Cristo, venceu a morte, saindo do sepulcro?  "Porque Eu dou a Minha vida para a reassumiu. ... Tenho autoridade para a entregar e também para reavê-la ..."
Conclusão: a vida vem de Deus, a morte é uma interrupção passageira em consequência do pecado.

Mas haverá um ressurgir, quando Deus transformar este mundo condenado em paraíso. Todos virão perante o tribunal de Deus.
" ...ressurgirão, uns para a vida eterna, e outros para a vergonha e horror eterno."

Deus nos conferiu a vida para ser útil. Escreveu alguém que "a glória da vida é amar, não ser amado; é dar , não receber; é servir e não ser servido; é ser a outros uma mão forte na escuridão e em tempos de necessidade; é ser uma taça de alento a qualquer alma fraca; isto é apreciar a glória da vida."

Deus nos conferiu a vida para ser um exemplo: "A vida é uma disciplina ... Nesta vida nos achamos na escola de Cristo, onde devemos aprender a ser mansos e humildes de coração;
e no dia das contas finais, veremos que todos os obstáculos que se nos deparam, todas as dificuldades e incômodos que somos chamados a suportar, são lições práticas na aplicação de princípios da vida cristã. Bem suportadas, elas desenvolvem o caráter à semelhança do de Cristo, distinguindo o cristão dos mundanos."

A sua vida, amigo, está se desenvolvendo à semelhança do Criador? A sua vida representa a imagem de Cristo. na Terra? Que a minha, sua vida, seja sempre um reflexo do divino, para assim cumprirmos a nossa parte, pois este é o motivo da nossa existência, da nossa vida.

Gratos, Senhor, pela vida.

Gratos, porque podemos ser exemplos do bem.

Gratos, pelos elevados motivos da nossa existência.

Rodolpho Belz

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